“A engenharia, nos anos 90, sofreu um profundo golpe com as políticas neoliberais. A partir dos anos de 2002, houve um avanço na ampliação e procura do curso. Observamos um aumento de mulheres nos cursos de engenharia, bem como a inserção do debate de gênero nas universidades e no mercado de trabalho. Mais mulheres ocuparam espaços de poder, conquistaram direitos básicos, como banheiro feminino em canteiro de obras e a juventude está a cada dia mais empoderada. No entanto, a atual crise política representa uma ameaça para as mulheres e para a engenharia. Isso porque além de promover a destruição da tecnologia nacional, dos empregos, ainda afeta diretamente as mulheres, nós que ainda ganhamos salários mais baixos mesmo ocupando as mesmas funções, somos as primeiras a serem demitidas e a terem os direitos retirados. O atual cenário é desfavorável e precisamos lutar em defesa da engenharia nacional e do povo brasileiro”. |
“Quando iniciei meu curso de engenharia civil, os postos de trabalho na área de engenharia eram ocupados majoritariamente por homens, Havia uma percepção geral das empresas de que não era adequado contratar mulheres para o quadro técnico operacional, ocupado por engenheiros, para área de operação e obras. Acreditava-se que o ambiente industrial era pouco adequado para uma mulher.
Fui contratada como engenheira, devido ao fechamento de um escritório da Floresta Rio Doce, empresa controlada pela Vale, e transferência dos seus empregados para a Vale. Fui a primeira engenheira a ser contratada na Vale Brasil para uma posição de engenheiro, na antiga superintendência de operação da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Era a única mulher, meu trabalho era respeitado, mas observava que tinha que provar minha competência e ter persistência para mostrar que era capaz.
Para equilibrar a responsabilidade familiar com a profissional, sempre conto com a parceria e apoio de meu marido, Adelmo Marcos Rossi, também engenheiro (e psicólogo), com quem tenho três filhos. Sem o apoio e suporte dele seria difícil realizar o que eu queria, ter uma família e uma carreira.
Também tive uma atuação consciente na comunidade, para ajudar a mudar esta situação. Na faculdade participei de um grupo de estudo da mulher, para entender melhor esta questão, e na Vale sou integrante do comitê do Projeto Equidade de Gênero, que visa reconhecer e promover o talento e a capacidade da mulher, diminuindo a discrepância histórica e cultural de acesso a oportunidades, sem criar um ambiente discriminatório. Fiquei muito lisonjeada quando fui convidada pela diretora Vania Somavilla para fazer parte deste trabalho. Acredito que, independentemente de gênero, cada um tem talento e capacidade para crescer e se desenvolver tanto pessoal quanto profissionalmente.
Aos poucos, percebo que esta situação vem se alterando. Na operação, na obra, atualmente, a situação é diferente da década de 80, temos muitas colegas engenheiras.mas ainda há um longo caminho a trilhar.
Principalmente perceber que é uma mudança que favorece tanto ao homem quanto a mulher, como prega O Movimento ElesPorElas (HeForShe) da ONU.
Criado pela ONU Mulheres, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, o movimento ElesPorElas (HeForShe) é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e ajudar homens e mulheres a modelarem juntos uma nova sociedade”.
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