Segundo o levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) vão faltar 150 mil engenheiros já em 2012 no Brasil. Só na indústria automobilística e na exploração de petróleo, seriam necessários 34 mil novos profissionais. O fato é que os investimentos no país aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Além do boom imobiliário puxado pela estabilização da moeda, o país vive os preparativos para sediar a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. Somam-se nessa conta as recentes descobertas das reservas de petróleo e gás do pré-sal.
Para a indústria, a escassez de engenheiros é um fato preocupante desde 2008. De acordo com dados da CNI, se a taxa de crescimento econômico estabilizasse em mais de 5%, haveria necessidade de duplicar o número de engenheiros formados anualmente. Outras teorias estimam um buraco ainda maior. Se para cada milhão de dólares investido há necessidade de se criar uma vaga para engenheiro, só para os 250 bilhões de dólares previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal), 250 mil profissionais de engenharia deveriam ser formados.
Existe um descompasso que agrava essa ainda mais essa carência de mão de obra. O tempo necessário para incrementar o sistema educacional leva de 6 a 10 anos, enquanto que a infraestrutura leva de 2 a 5 anos para ser construída. A previsão para 2015 é de que o Brasil tenha 1.099.000 engenheiros formados. Para 2014, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) definiu como meta formar 100 mil profissionais, o que significa mais do que dobrar o número de formandos de 2008.
O Brasil apresenta baixa relação entre engenheiros e número de habitantes. Os Estados Unidos e o Japão têm 26 profissionais dessa área por 1 mil habitantes e o Brasil tem apenas seis. Essa defasagem faz com que o salário dos engenheiros sejam mais valorizados. O mercado valoriza a profissão, mas o mesmo não acontece com os estudantes na hora de escolher sua carreira. Dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Öndia e China), o Brasil é o que menos forma engenheiros. A Rússia gradua 190 mil por ano, a Öndia 220 mil e a China 650 mil.
Profissão valorizada e carreira pouco procurada:
Segundo dados do Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação, existem 400 mil universitários de engenharia nas 400 faculdades da área no Brasil. A cada ano, os vestibulares oferecem 197 mil vagas e apenas 120 são preenchidas. Além disso, a desistência dos alunos chega a 60%. Para mudar esse quadro, alguns estudos apontam para necessidade de modernizar a grade do ensino de engenharia, que poderia ser de três anos de graduação com mais um e meio de mestrado técnico, como é na Europa.
Um dos riscos imediatos da falta de mão de obra qualificada é o de encarecimento do setor produtivo e uma busca de mão de obra em outros países. Especialistas acreditam que as empresas passarão a buscar profissionais estrangeiros, a custos elevados e com a exigência de adaptação do conhecimento técnico à realidade local. Entre 2008 e 2009 o número de autorizações concedidas a engenheiros estrangeiros saltou de 2.700 para 3.500.