O primeiro dia do 11º Congresso Estadual do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Espírito Santo debateu a retirada de direitos e de ataque à engenharia nacional na noite desta sexta-feira (26). O encontro regional reuniu profissionais e estudantes no que é o maior fórum de debate de engenheiros(as) de todas as modalidades, engenheiros(as) de segurança do trabalho, geógrafos(as), geólogos(as), agrônomos(as), agrimensores(as) e meteorologistas do Estado.
O 11º Congresso Estadual está sendo realizado em Vitória. O encontro regional é preparatório para o 11º Congresso Nacional dos Engenheiros (Consenge). O Secretário Geral do Senge-ES, Rogério Ramos, fez a abertura dos trabalhos. “Estamos aqui discutindo propostas, o mesmo será feito em todo o Brasil. O papel dos trabalhadores e dos sindicatos deve se renovar nesse momento nacional”, frisou.
O presidente da Fisenge, Clovis Nascimento, participou da mesa de abertura do Congresso. “Destaco a importância de aqui termos estudantes presentes. Esses garotos e garotas que irão continuar a luta pela manutenção dos direitos e pela engenharia nacional”, destacou.
“A desnacionalização do parque produtivo tira nossa autonomia de investimentos”
O professor Helder Gomes fez a Palestra Magma do 11º Congresso Estadual. O Doutor em Política Social e mestre em Economia e graduado em Ciências Econômicas fez um apanhado histórico da republica brasileira, refletindo sobre o etos do progresso pelo bem estar social. Para o professor, a falta de autonomia de decisão brasileira sobre seus meios de produção são um problema na distribuição da riqueza.
“A desnacionalização do parque produtivo tira nossa autonomia de investimentos. Não há como reverter de uma hora pra outra ou com milagres o grau de perda de soberania sobre decisões nacionais. O patrimônio não nos pertence”, disse.
Para o professor, o caminho para volta da soberania passa pela reomada dos direitos sociais. Para ele, as forças sindicas tem papel central nisso. “Temos que pensar em como retomar a soberania, isso passa necessariamente pelas famílias trabalhadoras. Não serão essas elites que vai ter um rompante nacionalista de promoção do desenvolvimento. Nesse sentido, o movimento sindical deve ousar mais. Incluindo na construção de suas próprias forças. Uma organização internacional dos trabalhadores”, afirmou.
“Temos que crescer e distribuir renda de maneira sustentável”
A segunda palestra da noite ficou a cargo da Coordenadora escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandra Pin Bortolon. A especialista em finanças e analise de crédito, fez uma analise de conjuntura da economia brasileira.
“Aproximadamente 72% da receita arrecadada de tributos vem de salários de uma três salários mínimos. Já a carga sobre rentismo é uma das mais brandas. Ou seja, quem ganha menos, paga mais”, afirmou. “Temos que crescer e distribuir renda de maneira sustentável. Para isso temos que ter taxas de juros mais baixas. Baixa a taxa de juros para zero. Vamos ver se as pessoas não vão pedir crédito. E, criar mecanismos de difusão e tecnologia”, complementa.
“Não distribuímos renda dos anos trinta até os anos oitenta. O maior problema do Brasil não é corrupção, mas sim a desigualdade de renda. Desigualdade é causada por raízes mais profundas que a corrupção. Corrupção é mais uma questão moral que financeira”, corrobora. “O movimento sindical deveria investir em formação e enraizamento. Assim ele será novamente o protagonista da história”, conclui.
Programação continua neste sábado
Neste sábado (26) a programação do 11° Congresso Estadual continua. O Eng. Leonardo Deptulski, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Doce, debate o pale da engenharia frente o desafio da sustentabilidade. Em seguida a mesa “Resistência Social e Sindical“ reúne o juiz titular da 3º Vara do Trabalho de Vitória, Dr. Marcelo Tolomei; o procurador do Ministério Público do Trabalho, Dr. João Hilário Valentim; e o presidente do SINERGIA e Diretor da CUT, Edson Wilson.
Congresso Nacional em setembro
Realizado a cada três anos pela Federação interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), o 11º Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge) é o principal fórum de debate da entidade sobre temas sociais de interesse nacional junto aos profissionais de engenharia. O evento se utiliza dos temas já discutidos nos Congressos Estaduais de todo país. “Resistir! Em defesa da engenharia e da soberania nacional”, é o tema central do evento deste ano, cuja edição nacional será em Curitiba, entre os dias 6 e 9 de setembro de 2017.
