As mobilizações nacionais e a avaliação dos sindicatos de engenheiros:

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O movimento de engenheiros e engenheiras sempre esteve presente nas principais lutas deste país, desde a luta pela redemocratização, Diretas Já e o Fora Collor. Entrevistamos diretores e presidentes dos sindicatos, com o objetivo de relatar o movimento em cada estado onde a Fisenge tem base.

 

Bahia: Os protestos na Bahia começaram junto com as demais manifestações em nível nacional. No dia 17 de junho, estima-se que mais de 10 mil pessoas foram às ruas de Salvador protestar contra o reajuste da tarifa do transporte público. De acordo com o presidente do Senge-BA, Ubiratan Félix, as primeiras passeatas foram chamadas com grau de autonomia, sem direção estabelecida. “Temos acompanhado e participado das mobilizações. Eu, particularmente, avalio que a ascensão do proletariado formou uma nova classe média num país ainda com condições precárias nas áreas de saúde, educação e transporte público, por exemplo”, afirmou. Uma greve do rodoviários estava prevista para o dia 18 junho, mas um acordo estabelecendo 9% de aumento salarial foi firmado entre a categoria e os empresários no mesmo dia da manifestação.

 

Espírito Santo: Em Vitória, mais de 20 mil pessoas fizeram protesto em frente à casa do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. O grupo saiu da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e atravessou a Terceira Ponte, com direção à Vila Velha. No dia da mobilização nacional da noite do dia 20, mais de 100 mil pessoas saíram em passeata pelas ruas de Vitória. “Eu participei com minha família na ala dos sindicatos e movimentos sociais. Ainda falta politização nas ruas, mas foi um momento histórico. É bom lembrar que muitos de nós, do campo da esquerda, sempre estivemos presentes nas ruas e nas lutas sociais”, destacou a diretora da mulher da Fisenge, Simone Baía. O presidente do Senge-ES, Orlando Zardo contou que o sindicato participou das manifestações e reforçou a falta de direção política do movimento. “Ainda sinto que o movimento está solto, sem liderança definida, mesmo com objetivos concretos”, pontuou.

 

Minas Gerais: Mais de 20 mil pessoas protestaram pelas ruas de Belo Horizonte, no dia 17, durante a primeira passeata. No dia 20, os protestos reuniram mais de 200 mil pessoas. O presidente do Senge-MG, Raul Otávio, declarou que a atual conjuntura de manifestações mostra, depois de muitos anos, o resgate dos brasileiros em sua capacidade de se indignar. “E mais do que somente se indignar, ir para as ruas e exigir a correção de várias situações políticas, econômicas e conjunturais que a classe política ainda não solucionou. Trata-se de um momento rico, legítimo e que, certamente, acarretará transformações profundas na sociedade brasileira”, finalizou.

 

Paraíba: Estima-se que mais de 20 mil pessoas protestaram pelas ruas de João Pessoa, no dia 22. Em sua maioria, estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). Já no dia 27, manifestantes caminharam até o Terminal de Integração do Varadouro e ocuparam o local, cantando músicas e gritando palavras de ordem, com mais de 5 mil pessoas. A diretora da Fisenge e presidenta do Crea-PB, Giucélia Figueiredo, vê as manifestações nacionais com otimismo. “O governo e os partidos precisavam de uma motivação maior para o aprofundamento das mudanças. Entendo que não se trata de movimento contra governo ou partido A e B. É um movimento que demonstra que a população não está adormecida e quer participar de forma cidadã da construção do país. As manifestações derrubaram o mito de que o povo não quer discutir política e cabe aos governos dialogar com manifestantes e implementar políticas públicas com transparência e legitimidade para a construção de um país mais justo e solidário”, contou.

 

Paraná: Cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, se reuniram para um protesto na Boca Maldita, no Centro de Curitiba, no dia 17. O grupo reivindica, entre outras coisas, a redução da tarifa de ônibus na cidade. Eles pedem que o valor seja reduzido dos atuais R$ 2,85 para R$ 2,60 de segunda a sábado e de R$ 1,50 para R$ 1, aos domingos. Outra manifestação aconteceu, no dia 29, com a participação do Senge-PR. O presidente do sindicato, Ulisses Kaniak contou que é importante ter o povo nas ruas para defender o interesse coletivo. “Nós, como sindicato, nunca saímos das ruas. Sempre estivemos presentes nas lutas históricas da população. Em Curitiba, de acordo com relato de Ulisses, houve agressão a militantes de partidos nas manifestações. “Há um descontentamento com a classe política, principalmente, com a forma como as decisões são tomadas dentro de uma democracia. Não podemos ver com bons olhos estas agressões a manifestantes partidários. Outro ponto importante para destacar é o papel da mídia na cobertura das manifestações. A mídia hegemônica mudou de opinião de um dia para o outro e ajuda a difundir ainda mais a despolitização e o discurso do apartidário”, detalhou.

 

Pernambuco: Mais de 15 mil pessoas tomaram conta das ruas de Petrolina, Sertão de Pernambuco, e de Garanhuns, no Agreste do estado, além da mobilização na capital, Recife, que contou com milhares de pessoas, no dia 20. De acordo com o diretor da Fisenge, Roberto Freire, estamos acompanhando um movimento de geração. “A minha geração reivindicou a redemocratização do país, na época da ditadura, depois veio o Fora Collor e, agora, a juventude traz novamente o fervilhar das ruas. É fundamental pensar mudanças estruturais, em vez de reformas periféricas. Isso quer dizer: reforma agrária já; não pagamento da dívida, entre outras reivindicações estruturais. Precisamos acompanhar esse movimento com cautela, especialmente com a apropriação oportunista e golpista de setores conservadores da sociedade e da própria mídia hegemônica”, explicou.

 

Rio de janeiro: No dia 17 de junho, mais de 100 mil pessoas protestaram no Rio de Janeiro. E, no dia 20, cerca de 1 milhão de pessoas ocuparam a avenida Presidente Vargas rumo à prefeitura. Nesse mesmo dia, manifestantes ligados a partidos, sindicatos e movimentos sociais foram hostilizados por grupos conservadores. O presidente do Senge-RJ, Olímpio Santos ratificou que o serviço público não pode promover o lucro e ser caixa para alguém. ” Este é um momento importante para contribuirmos na construção de um projeto político capaz de levar adiante reformas estruturais que alterem a realidade brasileira. A eleição não é semana de festa de democracia. O exercício da democracia se dá nas ruas com participação ativa da população nas decisões”, destacou.

 

Rondônia: Em Porto Velho, diversas manifestações tomaram a cidade. A maior aconteceu, no dia 20, com aproximadamente 20 mil pessoas. Os manifestantes pediram melhorias na educação, saúde, fim da corrupção e controle sobre as obras paradas em Rondônia. O diretor da Fisenge, José Ezequiel Ramos, vê com preocupação a rejeição a partidos, sindicatos e movimentos sociais. “Esta mobilização nas ruas é muito importante e muito positiva e é central uma reforma política. Mas é preciso destacar os rumos que o movimento pode tomar. São bandeiras difusas com diversos interesses. Quem viveu o período da ditadura sabe os perigos. Certos setores podem querer se apropriar e em nome do estabelecimento do comando e da ordem, remontarem os tempos mais sombrios de nossa história”, alertou.

 

Santa Catarina: Em Santa Catarina, mais de 10 cidades saíram às ruas. Em Florianópolis, no dia 21, cerca de 100 mil pessoas participaram de manifestações na região. Na capital, foram mais de 50 mil. O presidente do Seagro-SC, Vlademir Gazoni contou que o sindicato tem acompanhado as manifestações e a cobertura da imprensa. “Consideramos as reivindicações legítimas, para que o país possa avançar ainda mais”, afirmou. O diretor de comunicação e imprensa, Jorge Dotti Cesa, aponta a necessidade da inserção das questões relacionadas ao campo nas bandeiras de luta. “É fundamental inserir as pautas do campo: a agricultura, os homens e as mulheres do campo, a reforma agrária, o espaço rural. Esse movimento também aponta a necessidade de avaliarmos a condução do processo, principalmente relacionado às convocações pelas redes sociais e de como podemos nos apropriar destes espaços de forma qualificada”, pontuou.

 

Sergipe: O primeiro ato em Aracaju aconteceu no dia 20 e reuniu cerca de 20 mil pessoas. Antes da manifestação, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, reduziu a tarifa de ônibus de R$ 2,45 para R$ 2,35. O presidente do Senge-SE, Rosivaldo Ribeiro, participou das mobilizações ao lado de outros diretores. “Sempre estivemos nas ruas reivindicando os direitos dos trabalhadores. Entendemos que a reforma política é central para a sociedade”, disse.

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